Postagens

Mostrando postagens de maio, 2016

Manifesto ao moço

Prende, segura estas ondas, soltas, tantas quais cabelos, loucos, morenos, grandes de afeto Toca, sente no corpo presente a altura do nó e do fogo, das coisas pequenas, breves, escondidas, todas, feito gota atrás de olhos verdes, pequenos, vestidos de sol. Engole, beija, morde, o caroço bruto de dores e flores, outras, ansiosas e trêmulas por ti. Aceita o encanto, canto, da boca sedenta do moço, louco, todo, perdido de amor.

Canção de exílio

Ainda ontem contavamos suas mentiras, vestiamos suas ideias, morriamos nos dias todos iguais em frente ao ócio Ainda ontem teciamos planos mais amenos e sonhavamos um sonho mais vivo Ainda ontem supomos o mundo mais justo e os corpos mais quentes. E o carcereiro oculto se revela, É golpe Do amanhã, que não seja doce nem apático, pois não morreremos no vão nem na luta Resistimos. Resistimos, o negro, o gay, a mulher, o bom homem, o humano e para sempre nossa dama liberdade.

Fera

Afundemos a fera, aquela outra que desfila tua pele limpa e ornada da pérola alva da decência conveniente, sonha teu sonho umedece teu olho entrelaça o corpo ao corpo do novo A fera toda ela nossa de dentro

Cântico Noturno

Carnívoro espírito do desejo, clamo-te hoje e além, vem, feroz e disposto, a dispor do rastro, a saliva satânica do encontro. Anuncia o jogo diabólico dos corpos, o embaraço, ritmado da dança profana do gozo e da seiva. Suor esplêndido de vigor e urgências, braços, coxas, tetas, tuas por reverência Rogo pequeno devorador que não me deixes hoje e nunca.

Homens raros

Aos homens poucos e parcos do nosso tempo. Na altura das asas, Ícaros-ao-sol Trêmulos, Supostos sonhadores, Ingênuos da fome que em mim se adivinha. Aos homens, tantos e todos que amei, repartidos do pão e do corpo, do gozo cru por sobre nenhum outro reverso de mim Aos homens dos sonhos e da miragem, persona mítica do encanto, doação ilimitada do afeto gratuito e passageiro Aos belos homens em seus fortes e torres meninos por nascer. Aos nossos homens Homens raros.

Sonho Pálido

O sonho, embora doce, quando demasiado fútil e pálido, mendigo do desejo do Outro. Mais nos entorta, cenho centro e plexo, Inóspito e áspero os venenos todos do tédio nos corrompe aos poucos, fundo, dentro do âmago.

Florescer

Florescíamos tanto, todos os Outros em nós.

Efêmero

Nossas paixões já não serão passageiras, estrangeiras de um outro tempo. Nem o toque nem o gosto. O olho nú por sobre o outro Nada mais Será Efêmero.