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Mostrando postagens de junho, 2016

Elegia à Carolina

Carolina, por que te escondes miuda, se ainda é quente e fácil teu caminhar? Por que, ainda hoje, não tira com pressa o véu translúcido que te esconde silenciosa do mundo? Expõe-te de novo, valente, lutadora no jogo e nas disputas tantas de afeto. Mostra o peito. O olho. O entorno todo colorido repleto de amor. Vai, gentilmente e devora o mundo.

Transcendente Universal

Olha-me fundo, adentro, reconhece o terreno próspero e fértil (múltiplo) de planos, linhas e rotas. Desbrava, na altura das curvas minúsculas dos poros, a ânsia mordaz por bravuras. Anseia, aos cometas e estrelas anãs, macrocosmos interligados do átomo mágico universal. Passeia a via-láctea, finda a tarde, liberta do corpo às nossas asas.

Espírito-liberdade

Ama-me além do claustro e das algemas Queira-me livre, espirito da natureza. Deseje-me solto voltando aos teus braços Liberte-me até que eu possa voar Vini Miranda/Julio Carvalho

Noite adentro

É madrugada e me reparo atento aos teus olhos insones, assustados, suportando sobre si o peso de outros olhos ainda mais generosos. Feito fonte, verte tua água qual o néctar soberano, seiva, leite ou saliva dos embriagados, poucos, quase tolos, pregados à s janelas. Diluídos e náufragos dos temporais transversais, ocasionais do ópio e do álcool. É madrugada, noite adentro e você também.

Retalhos

Quebra a concha humana, faz retalhos, dos papéis coloridos, soltos, (festins) da lembrança Desperta a pérola nova, linda, luminosa, secreta dos outros postos nas janelas Entrega o doce, da boca peregrina de campos mais dourados vastos O coração do homem

Trânsito

quero parar de lutar contra o tempo e insistir no agora o agora é passageiro impaciente comumente localizado entre o pulo e os começos entre o pulo e os tropeços recomeços com: Julio Carvalho

Doze

ande atento ao tempo e onde adentro o tempo? qual luz? tem caminho? deixa rastro o tempo? nos ponteiros nos momentos que aos poucos vão se desfazendo (até a gota risonha desprendida é tempo) com: Julio Carvalho

Exílio

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Até quando esperará  o deserto áspero e o exílio da vontade? Ilustração: Fabiana Reis

Fragmentos amorosos

Olha lá, o sol vem já, aquecer teu corpo amor Veja bem o jardim crescer florido novo então Leve beijo agarrado no corpo todo interior E que essa poesia, possa te encontrar, amor.

Fragmentos Gelados

Antes que eu me esqueça ou o frio me arrebate Sou de peito largo, Inchado, o fogo que tu ainda Não sente.

Elegia do Eu

Caro leitor atrás das vidraças, não existo, não possuo alma, corpo, membro, olhos, nada. Há apenas palavras meio-amargas organizadas em minha não-existência. Escrevo na esperança de disfarçar o descaso e o cheiro ácido dos corpos amontoados sobre minha cama. No desejo de ser liberto do tempo, inimigo da flor murcha e doente dos velhos. (já não somos jovens) Escrevo estas palavras fingidas (ou não) de afeto para esconder-me pequeno no negrume oco do peito inerte. Caro leitor, escrevo na ilusão de pertencer aos teus olhos. Na ilusão de ser supostamente amado e existir, vivo, personagem do teu sonho.

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