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Mostrando postagens de novembro, 2016

Elegias Marítimas - Voz & Poesia

https://youtu.be/ xavDpKCHQdA

Manifesto à juventude

Para onde foram os anos de minha juventude? Transportaram-se à marte? Bomboleiam saturno? Mergulharam o oceano nebuloso todo-poderoso-amem? Escorreram pelas quinas? Espreitaram trincheiras fundas bradando: mata-ou-morre. dobraram-se sobre si mesmos como origamis kamikazes ensaiando o vôo e a queda? Quem dirá do tempo ás tuas longas histórias? Faixas brancas na areia estelar, retratos singulares de janelas suspensas no todo cosmos. A quem interessa ás pegadas do moço astronauta desbravador de distâncias, linhas e rugas? Do semblante vil e paradoxal do artista? Da altura inabalável das montanhas? Para onde escaparam os dias brandos? Refletem-se no grisalho das mães-paraíso-eterno? Engalfinham-se aos pares? guerreiam entre si o tempo e a memória? Por quais bandeiras? Brancas? Negras? E o amor, os afagos? Operam sobre quais tratados?

Carícias, transgressões & nudez

Observo fascinado teus movimentos sutis no entre abrir das pernas, exatas e angulares como o restante do teu corpo de sonho, sinuoso e intrépido feito curva de rio. O zíper e o volume marítimo do mastro suntuoso que me oferece, transgressor na semi-escuridão dos becos marginais dessa cidade distante e sonolenta, repousando insegura sob cobertores cristãos perpetuadores da moral. Convido aquele Adônis incandescente, super-nova aos mistrais do corpo anônimo contra a crueza das paredes, num labirinto obsceno de pêlos e no mergulhar de olhares cínicos e sedentos. Provamos o gosto e as súplicas um do outro, vertemos carícias urgentes enquanto ganíamos pelo futuro dos pares, famintos tateamos a culpa e o látex para descobrirmos suados e nús o verdadeiro sorriso na boca do homem.

amor "al dente"

com: Júlio Carvalho a perfeita alquimia do meu bem querer bem te faz pousar meu coração à mesa disposta entre pratos e copos risíveis do teu encanto maduro ler apaixonado nos teus olhos absorvido no teu respiro como um canto esperando que me devores extinguindo num gesto o ontem e as manchas rubras na toalha de mesa e os talheres dispensados entre os comes e bebes a fome um do outro antes antropofágicos do que trágicos consumidos pelo suor das mãos e o levantar das facas tornozelos cruzados tateando mapas traços sutis de sabores indizíveis o amor provém de indiscutíveis paladares

Erotismo & Espuma

No caminhar vacilante e apressado através do cais e das gentes banhadas pela febre ardente dos ventos atlânticos e da irreverência lúgubre do sorriso lunar à meia-noite. No entre por dos passos emaranhados de marinheiros tropicais iluminados pela densidade das coisas terrenas e bêbados naufragados num cruzar de espadas infinito. Transvirados e estranhos mediam-se pelo peso do prato rachado o lamento úmido por aquelas outras naus perdidas no entardecer das coisas. Clamavam solenes pelo dedilhar de remos eretos, protestando e uivando ansiosos pelo correr momentâneo das águas salgadas inundando as frestas ocas do mundo. Hastearam tuas bandeiras trêmulas à costas lisas e frágeis pelo pavor das ondas ancoradas pelo sal e pela prece à afrodite-do-mar, suplicando em reverência ímpar que o anjo branco e marinho não se desfaça na espuma.

Chamamento, louvor & Poesia

Estou aquecido entre ás paredes brancas e implacáveis do meu apartamento de segundas à domingos-infinitos oferecendo carícias e poses e chás e tantas outras doses à minha solidão. Estou envelhecido, branco e estático em meio aos móveis, passeio desatento ás distâncias entre o chuveiro e o gotejar incessante das pias de cozinha. Estou esquecido das praias e campos e montes, esperando de longe que se cumpra a profecia. O romper final das cinzas num lance de tintas e quimeras ruidosas sob minha janela. Ouço ao longe uma intensa melodia, um sopro de blues sobrepondo os carros velozes nas noites mornas de quinta à intermináveis avenidas, lisas, enfeitadas por luzes, álcool e (in)cansáveis magias. Ao longe, ouço/sinto o chamado, orvalho divino entre meus lábios, entrego-me solidário ás cores (e dores) soltas (loucas) e imensas do outro E assim, a poesia entrou em minha vida.