Invocação à Dionísio
Dionísio, tantas vezes te chamo, tantas vezes não há luar e o sal cobre a terra, tantas vezes sem precisão ou amor ou lascívia a noite se infiltra pegajosa pelas persianas vinho-tinto da sala de estar, esquadrinhando os cantos e frestas e dobradiças com tuas apressadas mãos sob a mobilia: meu corpo de barro, entregue ás tuas carícias. Dionísio, tantas vezes te chamo por clamor ou reverência ou algo igualmente profundo, tantas vezes me sonho gemendo e ganindo na luz sobrenatural dos teus ritos, tantas vezes tantas e muitas mais guardarei por ti. Invocação à Dionísio - Vini Miranda.