Elegia aos Pombos
Passei com temor por aquela nossa antiga esquina no pequeno bairro triste das pequenas flores, não havia pombos no parque ou grão suficiente que os sustentassem. Imagino, enquanto faço a volta aqueles bancos cinza, impondo-se ao verde rasteiro e as aves, uma escultura pensa das infinitas tardes ao sol de outra vida. Apressados como quase sempre, como quase todos os outros. Corremos, alucinados pelo encontro do destino, porém, não gastamos tempo que fosse o bastante para lamentar as minúsculas falhas e eram tantas, que somando-as em rio tornaram-se um mar e meio de distâncias. O que fizemos de errado? Eu não saberia ao certo quando, como, ou estenderia os porquês da despedida, mas envelheço só e continuamente todos os dias, no caminho entre a esquina e o parque, sustentando pombos ausentes do nosso amor.