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Mostrando postagens de julho, 2017

diálogos de peixe

saudades. também, estás pelo rio? pelo rio, navegando em ilusão. lindo. beleza é nosso encontro de corpo de vida. sim, mas a ilusão existe. existe, é mar bravo, já deixou de ser rio suspeito. para o mar se foi o rio novamente. e lá vai José nas corredeiras marinheiro de rio, canoeiro de saudade.

saudade

sentimento de mágoa cinza nostalgia temperada pela distância causada e reafirmada pela ausência, desaparecimento distância ou privação de pessoas, momentos, épocas, lugares ou coisas a que se esteve afetiva e ditosamente ligado dia-a-dia lado-a-lado algo que se desejaria voltar a ter presente em papel brilhante laço e fita.

coisas de trem

a vida é aquela coisa muito parecida com um trem de carga que as vezes descarilha, perde o rumo, segue sem rota um mapa invisivel para além-mar ou simplesmente trava como quase todas as coisas do homem segue sem curso, atropela rotas e planos e segue sempre em frente até doer ás vistas até a próxima santíssima parada que se anuncia nos vitrais azuis da janela e no ruído oco do mundo que já vem vindo, a vida, apressada e nem mais tão longe assim da ponte acena suas longas histórias, acende cigarros e chora derrama óleo sob os trilhos, do muro avisto tuas curvas de um metal brilhante e nobre quase colho teus múltiplos odores, fumaça branca nova à espiralar pelas esquinas de outra vida estrangeira desta pátria.

intenso

cuja manifestação acontece com muita força, intensidade ou vigor; em que se há abundância temporal e sofrimento intenso que transcende o considerado habitual além do grau normal excessivo: tarefa intensa. fonética. desenvolvido ou formado por ondas sonoras de intensa amplitude; diz-se muito do som forte.

tratados de noite

cumprimos a promessa displicentemente, não houve guerra nem incêndio nem juras eternas nem doces enganos perdidos no calor do momento. não haveria mesmo de se ter qualquer arma branca ou negra ou suja com o sangue derramado de outras feridas. feridas de flor. feridas compostas de outras vidas, de outros pequenos momento na conjuntura do mundo. não haveria mesmo de se ter resgate, condição ou pedido no caminho do jogo não haveria mesmo de se ter anúncio, alerta, passagem transporte pelo vão da semi-escuridão inconsciente das noites mal-dormidas, das coisas diárias perseguidores (in)determinados da saliva do outro, da cura pro fosso, do topo, do corpo métrico ofertado mediado e pago pela nudez santificada do moço, pelo pão sacro exposto, pelos homens largados suados e nus e um tanto quanto crús à contabilizar causos e pérolas ou lamber velhas feridas, memorizar os minúsculos detalhes um do outro, cada curva, cada tropeço, cada pelo grosso despontando em

aquilo que era sol

eu lembro dos dias de luz de quando as tardes se estendiam pelas paredes oferecendo quadro aos cômodos, insinuando gestos corriqueiros inadvertidos do encontro de calor de corpos incendiados pelo pavor das mãos à mistura-se em nó sobre lençois turquesa, tapeçaria estrangeira da sua mãe. uma garrafa e meia de um qualquer cabernet Sauvignon, horas e horas medidas por manhãs incorporadas em segredo ou café ou outra coisa meio-doce, eu me lembro dos dias de luz e do verão tocando o mar eu me lembro do sol nas praias que estivemos, dos infinitos acenos retratados em nossa janela de fitas eu me lembro do toque e da luz mas agora é noite amor e agora?