crônicas marginais

gostaríamos de tecer lindos
contos e poesias mornas
sobre os atos de fé do bom
homem, se houver algum
ainda que o mereça de
consciência limpa e cabeça
erguida. eu não. ao contrário
de lindos, são terríveis
os causos da minha terra,
todo dia um morre e outro
sobrevive, porque demanda
sobrevivência atravessar
os tiros anônimos disparados
na calada da noite e até de
um punhado de coragem para
disfarçar as tardes em que
dançamos a ciranda indigesta
das transações corrupitas
dos animais políticos,
seguros em sua ganância.
meu deus como é difícil
desviar da bala, dos cercos,
dos inúmeros cacos maliciosos
de lâmpadas que voam sem brilho
de encontro ao amigo-irmão tão
irreparávelmente só. como nós
que resistimos na luta e na lida
pelo pão nosso de todo dia
e pela flor amarela que sobrevém
a toda gente e nascerá sob o asfalto,
entre os carros, mas hoje ainda só
nos resta o lamento. de novo.

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