a noite que pousa no homem
acho que tenho andado muito perdido, por um momento as coisas pareceram tão tênues, o caminho foi ficando tão pequeno, foi ficando difícil respirar, tudo parecia estreito, eu mesmo não cabia mais nem sei, com certeza se estava ali ou se estava, quem sabe, expondo meu corpo ás infinitas pombas no beiral da janela em troca de um pedaço, um farrapo qualquer de alguma coisa que fizesse sentido e não faz, as vezes parece que clareia, mas é sonho, um momento antes do furacão. um segundo e estamos aqui, presos num céu intergaláctico de estrelas que despencam, envoltos por uma coisa escura como uma capa que agarra o corpo da gente, suga nosso ar, parece que você some aos poucos dentro da bruma e que tudo é tão distante e longe e dói. mas você sabe né que de alguma forma você vai viver, se permite até ter alguma esperança, uma pequena bituca acesa enquanto a cidade inteira dorme. ou finge. e as palavras rolam por seus caminhos ocultos através da veia abe