Coisas vãs

todas as sextas construimos
pontes monumentais ao invisível
dos olhos, perfumamos o corpo,
a casa, o templo, na esperança
de sermos vistos, não só vistos,
mas amados, de alguma forma
esperamos

e insinuou a espera como uma
doação ilimitada, uma carga
dramática, um último arrepio
nos poros da tua pele, o olho
soberano de deus, grandíssimo
sol encarnado, rei pacificador
da tempestade, da chuva passageira
a canção sem-fim

todas as sextas cantamos
com as vozes do amor
e aquele ponto fixo no mapa,
a estrela maior na casa de touro
se afasta, enquanto explode
em prata a angústia da noite
e dos dias iguais em simetria.

todas as sextas, como a pedra
que rola a montanha, nos encontramos,
nos esgueiramos pela subida,
apenas para cairmos e nos
perdermos de novo e de novo.
e mais uma vez. até que um
novo dia nos redima.

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